quinta-feira, 29 de julho de 2010

Nesta viagem em que estou no meio vi e aprendi muito. Jamais imaginei que me acrescentaria tanto em cultura, auto-conhecimento, experiência e emoção.

A Cracóvia foi um lugar de opostos. Um lugar em que passei muito tempo acompanhado por uma dupla de portugueses que conheci na estação de trem em Varsóvia (e que tornarei a encontrar amanhã em Budapeste), mas também um lugar em que estive sozinho de uma forma que poucas vezes estive em toda minha vida.

A chuva continuou atrapalhando a viagem, chovendo todos os dias com exceção a hoje, quinta-feira, dia em que embarco à noite para a Hungria. Em consequência, os 2 primeiros dias foram praticamente dedicados a cervejas, risadas e histórias. Fiz 2 bons amigos conhecidos em um momento totalmente inesperado, descendo uma escada numa estação de trem, encaminhando-se para uma plataforma de embarque que depois vimos estar equivocada, o que nos fez perder o trem. Nós e mais umas 20 pessoas.

No momento em que verificamos, o monitor apontava uma plataforma e o trem estava em outra. Por causa disso, perdemos a viagem e tivemos que pegar um outro trem, 45 minutos depois. Sentamos na mesma cabina e fomos batendo papo. Conhecemos 2 polacas que nos indicaram um café na praça central da Cracóvia. Marcamos de nos encontrar por lá mais tarde. Antes, uma parada nos respectivos hotéis para um banho e largada de malas.

Encontrei com os gajos e fomos à procura do tal café. Após mais de 40 minutos buscando, encontramos. E nada das polacas. Acabamos ficando por lá mesmo, tomando cerveja. Na mesa ao lado, um aniversário de uma outra polaca, 20 anos. Elas fizeram-nos estourar um balão com uma mensagem dentro, dizia ser tradição cracoviana. Quem sou eu para quebrar uma tradição?

Obviamente a mensagem estava em polaco e não entendemos nada. Uma das meninas traduziu, algo nada demais que já não lembro, como um biscoito da sorte chinês. Acabamos entrando na festa também e ficamos conversando todos até a hora de ir embora.

No dia seguinte, a chuva aperta, o frio se intensifica (lembram-se do calor dantesco russo? Aqui fazia 13º), marcamos uma viagem curta a Auschwitz, o maior campo de concentração nazista de todos os tempos, no complexo de Birkenau.

Estava curioso. Não quero nunca mais voltar lá. Com o passar do tempo a curiosidade foi perdendo espaço, surge a revolta, nojo do ser humano, até chegar a um ponto que bateu um desespero e uma vontade louca de ir embora. É forte demais. Não posso falar muito mais dessa experiência, isso é algo que as pessoas sentem, vêem, cheiram.

Me senti sozinho lá. Introspectivo, em conflito interno. A impotência diante daquilo veio forte. E a solidão se fez presente. E isso me fez todo sensível, ter vontade de dividir essas sensações com outras pessoas próximas e lembrar que a solidão só é boa para sentir falta dos outros, como diria um conhecido.

Um comentário:

gladys disse...

As coisas realmente importantes não podem ser esquecidas, pelo contrário, lembrando-as nos mantemos verdadeiramente vivos, isto é conscientes. Mais uma vez me orgulho profundamente de você. Beijos com muita admiração.