quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Russia é um país que impressiona, em todos os sentidos. Em Moscou, tudo é grande, gigantesco, como que querendo impor sua importância e peso. Heranças comunistas.

E consegue meter medo, sim. É muito fácil se perder na imensidão moscovita, mesmo para um cara habituado com a grandeza de São Paulo e de rápida adaptação aos novos ambientes. Fiquei assustado, cheguei até a ficar com medo. Seus prédios absurdamente grandes, seu metrô cujas estações estão muito mais para galerias e museus subterrâneos (tamanha a quantidade de afrescos e obras de arte ali no meio do povão, todas feitas em mármore, um espetáculo a parte), o brilho do dourado usado abundantemente em fachadas.


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Acreditem, eu estava a mais de 1km desse prédio


Moscou não tem estrutura alguma para turismo, e não faz questão de ter. Todas as placas estão escritas em cirílico, o alfabeto deles, sem tradução alguma, seja para inglês ou para o alfabeto romano. Inglês, aliás, que ninguém fala. Nem no hotel! Somente duas pessoas falavam e, se elas não estivessem, a milenar arte da mímica tinha que dar um jeito. E precisei bastante dela por aqui.

Além do tamanho, o que impressiona em Moscou é a diferença, seja ela cultural, de beleza, de costumes, de feições, de valores. É uma cidade, de fato, diferente.


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As pessoas têm traços característicos, não há negros ou asiáticos, as meninas são lindas e as mulheres viram bagulhos que criam pontos de interrogação na nossa cabeça, “como uma menina tão linda virou essa coisa?”.

Uma música russa, para curtir, instrumental:


Também são muito fechados, de difícil sorriso, chegam a ser até deprimentes. Coisas do inverno extremamente rigoroso e duradouro? Repressão comunista? Não sei.

Fez muito calor nesses dias, sempre acima dos 32º mesmo à noite (que é bem curta, escurecendo às 23h e clareando às 3:30, com 2h a mais de fuso em relação ao resto da Europa). Com a umidade excessiva, ficou insuportável. Para piorar, o hotel não tinha sistema algum de ventilação. Era tomar banho e começar a suar em menos de 10 minutos. Sem exageros. Cheguei a cogitar dormir na banheira, porque na cama era praticamente impossível, ficava molhada de suor em pouquíssimo tempo, mesmo sem lençóis e dormindo somente de cueca. Em São Petersburgo não cometerei o mesmo erro e já reservei um quarto com ar condicionado.

Deve ter alguma lei por aqui que proíbe o uso de desodorantes. Ninguém usa. E com o calor que faz, fermenta, fica aquele odor absurdo, em qualquer lugar público que se vá. Isso estragava bastante os passeios pelo metrô, por exemplo.

Não passeei muito pela cidade. Estou arrependido por um lado, claro, mas por outro acho que assim foi melhor. Meu lado responsável falou mais alto, estou sozinho, se acontecesse alguma coisa, estaria ferrado. Ninguém fala inglês, ninguém me entenderia, poderia ser extorquido, enganado, até coisa pior, além de me perder com uma facilidade incrível na cidade e não achar o caminho de volta, ser assaltado por taxista (coisa comum aqui), enfim... Se tivesse alguém comigo teria aproveitado muito mais, aventurado, e poderia ter mais histórias para contar além das observações humanas que estou relatando por aqui. Justo a história soviética que tanto me interessa, uma pena.

Então me prendi ao fácil e óbvio: a Praça Vermelha e suas redondezas. O Kremlin é algo incrível, as igrejas ali ao lado, até o boneco de cera que dizem ser a múmia de Lênin (sim, eu sei que é ele mesmo, mas parece demais um boneco de cera).


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Saída da Praça Vermelha


Os prédios em volta remetem à época comunista, mas há muita coisa moderna também. Vários Ladas caindo aos pedaços sendo atropelados por incontáveis Mercedes 0km (compradas com o dinheiro das antigas empresas estatais que viraram privadas e que criou uma classe de bilionários). O trem em que estou viajando agora, por exemplo, é o mais moderno que já viajei, nem se compara com os outros. Em compensação, ao lado várias sucatas que andam nem sei como.

Embarquei para São Petersburgo depois de ter comido o pior sanduíche da minha vida, na estação de trem. Tenho mais 2 dias de Rússia, de encanto e medo pela frente. Aqui as coisas parecem ser um pouco mais fáceis, pelo menos o povo é bem mais amigável e a cidade aparenta ter bem mais estrutura e ser mais aberta. Assim espero.

4 comentários:

Marie disse...

Que pena, Xu.... vc tava tão empolgado pra ver a Russia. Espero que tenha mais sorte em São Petesburgo. Beijos

Felipe Américo disse...

Impagavel descricao, hahahahaha!
Mas sem duvida alguma se trata de uma belissima cidade! Abs

gladys disse...

ô que pena! Não tem problema, você já tem um bom motivo para voltar, agora com um guia bilingue! Quando eu for, já vou prevenida...

gladys disse...

Que música! Foi a última que eu dancei no municipal, sabia?