quinta-feira, 29 de julho de 2010

Nesta viagem em que estou no meio vi e aprendi muito. Jamais imaginei que me acrescentaria tanto em cultura, auto-conhecimento, experiência e emoção.

A Cracóvia foi um lugar de opostos. Um lugar em que passei muito tempo acompanhado por uma dupla de portugueses que conheci na estação de trem em Varsóvia (e que tornarei a encontrar amanhã em Budapeste), mas também um lugar em que estive sozinho de uma forma que poucas vezes estive em toda minha vida.

A chuva continuou atrapalhando a viagem, chovendo todos os dias com exceção a hoje, quinta-feira, dia em que embarco à noite para a Hungria. Em consequência, os 2 primeiros dias foram praticamente dedicados a cervejas, risadas e histórias. Fiz 2 bons amigos conhecidos em um momento totalmente inesperado, descendo uma escada numa estação de trem, encaminhando-se para uma plataforma de embarque que depois vimos estar equivocada, o que nos fez perder o trem. Nós e mais umas 20 pessoas.

No momento em que verificamos, o monitor apontava uma plataforma e o trem estava em outra. Por causa disso, perdemos a viagem e tivemos que pegar um outro trem, 45 minutos depois. Sentamos na mesma cabina e fomos batendo papo. Conhecemos 2 polacas que nos indicaram um café na praça central da Cracóvia. Marcamos de nos encontrar por lá mais tarde. Antes, uma parada nos respectivos hotéis para um banho e largada de malas.

Encontrei com os gajos e fomos à procura do tal café. Após mais de 40 minutos buscando, encontramos. E nada das polacas. Acabamos ficando por lá mesmo, tomando cerveja. Na mesa ao lado, um aniversário de uma outra polaca, 20 anos. Elas fizeram-nos estourar um balão com uma mensagem dentro, dizia ser tradição cracoviana. Quem sou eu para quebrar uma tradição?

Obviamente a mensagem estava em polaco e não entendemos nada. Uma das meninas traduziu, algo nada demais que já não lembro, como um biscoito da sorte chinês. Acabamos entrando na festa também e ficamos conversando todos até a hora de ir embora.

No dia seguinte, a chuva aperta, o frio se intensifica (lembram-se do calor dantesco russo? Aqui fazia 13º), marcamos uma viagem curta a Auschwitz, o maior campo de concentração nazista de todos os tempos, no complexo de Birkenau.

Estava curioso. Não quero nunca mais voltar lá. Com o passar do tempo a curiosidade foi perdendo espaço, surge a revolta, nojo do ser humano, até chegar a um ponto que bateu um desespero e uma vontade louca de ir embora. É forte demais. Não posso falar muito mais dessa experiência, isso é algo que as pessoas sentem, vêem, cheiram.

Me senti sozinho lá. Introspectivo, em conflito interno. A impotência diante daquilo veio forte. E a solidão se fez presente. E isso me fez todo sensível, ter vontade de dividir essas sensações com outras pessoas próximas e lembrar que a solidão só é boa para sentir falta dos outros, como diria um conhecido.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Hoje será rapidinho, só o áudio porque as fotos não estão subindo pela lerdeza da Internet.


Isso foi gravado na quinta-feira, 22. Já deu para perceber que desisti de contar os dias, né? Por curiosidade, hoje domingo 25 é o dia 38 da viagem. Muita coisa passou, inclusive a metade dela, infelizmente, embora a minha vida de Barcelona já pareça um tanto quanto distante.

De Gdansk, vim para Varsóvia mas que, por problemas com minha conta no banco (já resolvidos) e pelo clima (ainda tá uma merda), não deu quase para passear. Amanhã vou para Cracóvia, onde fico até quinta, viajando um desses dias para Auschwitz. Lá as coisas devem estar melhores e volto a postar, mas com as fotos. E tomara que amanhã eu consigo passear decentemente por Varsóvia.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Minha primeira impressão não estava errada, São Petersburgo realmente possui mais estrutura e é bem mais simpática que Moscou. Porém, ainda está longe de ser comparada com vários outros destinos que já passei, incluindo cidadezinhas no meio do nada. Pelo menos no hotel que fiquei havia ar condicionado e as recepcionistas sabiam falar inglês.

Na cidade, as placas estavam em cirílico também, mas já havia algumas com o escrito em alfabeto romano, o que facilitava e até me ensinou um pouco de como eles escrevem. Por exemplo, N invertido é I, V é S, b é V, 3 é Z, P é R, T é T mesmo... Uma puta confusão.

Aliás, não entendo porque não deu certo um único idioma (e alfabeto) no mundo. Isso faria uma diferença absurda para os viajantes e até para o comércio. Orgulho babaca.

Achei que iria passar ileso mas, no último momento, me perdi. Tinha 4 horas para passear entre a hora do check-out do hotel e a hora da partida do trem, com destino a Helsinki, na Finlândia. Passei na estação de trem, paguei por um armário e saí pela cidade. Queria passar em um lugar que me parecia um pouco longe, mas que de metrô seria relativamente rápido. O problema é que calculei mal a posição geográfica do monumento/museu e fui parar a pelo menos 1:20 de caminhada do local. Embaixo de sol, quente pra cacete, suando como condenado, sem sombra e preocupado com a hora.

Pelo menos sabia como chegar ao terminal, que fica à beira-rio, assim como a “avenida” em que estava (quase uma auto-estrada). Resultado: cansei pra cacete, não vi o monumento e cheguei podre à estação praticamente 1h antes da partida do trem.

Estação Finlândia, de onde partem os trens para Helsinki em São Petersburgo. À frente, a imagem de Lenin, na cidade antes chamada Leningrado. Em cima do prédio ainda há a estrela comunista.

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- Tio, dá um trocado?

- Ah, moleque! Vá se...

Fiquei traumatizado com o sanduba de Moscou, então parei numa padaria e, por mímica, peguei uma Pepsi (a mulher não entendia que eu queria suco, besta) e 2 croissants, que não tem muito erro.

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Hermitage, importante museu

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Fidel Castro se mudou para São Petersburgo e agora faz caricaturas camaradas

Quantos Ladas você vê na foto?

Infelizmente minha experiência russa não foi lá como eu queria, mas sem grilos. Daqui alguns anos voltarei e quem sabe não tenho melhor sorte...

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Já Helsinki foi sensacional. Uma pena que esse lugar seja um bloco de gelo por 9 meses por ano. Eu tenho um princípio que é imutável: se o lugar mais quente da casa é a geladeira, algo está errado.

A cidade é pequena e bem charmosa. Orgulha-se de suas raízes escandinavas e é bem diferente da Rússia, mesmo com a proximidade. Todos (sério) falam inglês, de arquitetura bem interessante e uma vida de rua. Acredito que no inverno deve ser uma merda, uma cidade tão legal e você preso em casa por conta do frio.

Escurecia bem tarde, perto das 23:30 (o famoso sol da meia noite), então dava para aproveitar bem e dormir um pouco mais.

Meu primo Marcello estava na cidade com uma excursão de adolescentes que jogam bola. Acho até que já disse isso por aqui antes. O problema é que o Zé Mané não me falou que hotel que ele estaria, não marcou nada e, no dia seguinte à minha chegada, iria embora. Minha idéia era jantar com ele na sexta (dia que cheguei, as 22h locais), mas não rolou. Paciência.

No dia seguinte, sábado, sai para passear pela cidade. Passei numa igreja importante da cidade e havia um casamento acontecendo. Fiquei assistindo um pouco e, como já estava acabando, imaginei que sairia uma foto legal da igreja com um belo Mercedes da década de 50 parado na frente e os noivos descendo as escadas. Decidi esperar terminar sentando do lado de fora. A motorista do Mercedes veio bater papo e ficamos conversando um tempão. Contou que é de uma família de colecionadores, sendo que ela tem mais outros 8 carros além daquele, mais não sei quantas motocicletas, enquanto que o pai dela tem mais de 50 tratores. Sei lá porque alguém colecionaria tratores velhos, mas cada um faz o que quiser. Se gosta, tem mais é que fazer isso mesmo. No fim do papo, ganhei uma caixa de um tradicional doce deles, ela me explicou que era bem antigo. Quando abri para comer, eram balas de alcaçuz! Ótimo, adoro. Engraçado que na hora me lembrei das histórias de quando eu era pequeno que diziam que vendiam na porta das escolas balas Mentex com droga injetada dentro. Isso criou uma paranóia na minha cabeça, toda vez que comia um Mentex analisava minuciosamente a bala antes de colocar na boca em busca de algum vestígio de furo de seringa. E me peguei fazendo a mesma coisa agora, mesmo o pacote estando fechado com plástico.

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O mercado de peixes e o porto vistos da Igreja Ortodoxa


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A igreja ortodoxa vista de longe


Consegui tirar a foto e desci em direção ao mercado de peixes, buscando comida. Ao chegar lá encontro um monte de brasileiros, moleques. Porra, meu primo está aqui em algum lugar! Depois de 40 minutos andando de um lado para outro, encontro o filhadamãe. Ficamos batendo papo por uns minutos até o momento em que ele teve de seguir viagem. A próxima parada é Gotemburgo e o barco estava para sair.

E continuei meu passeio pela agradabilíssima cidade, naquele instante com o clima perfeito para mim (25º graus, sol), passando por uma igreja construída dentro de uma pedra, pelo estádio olímpico de 1952 (construído na verdade para 1940, Olimpíada adiada pela guerra), o Parlamento, o centro mínimo, alguns parques, enfim...

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A igreja de pedra por dentro


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As antíteses


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Finlândia, a terra dos lagos



Ao sair da Finlândia, no domingo a tarde, o tempo estava nublado, mas sem problemas. Peguei um ferry para ir à Estônia, a menos de 2 horas de distância, minha estadia nas seguintes 2 noites.

A Finlândia, que eu nem pensava em passar, foi mais uma boa surpresa e perfeita para recuperar-me do calor e do caos russo.

Ao chegar na capital Tallinn, desço no terminal marítimo e já me encaminho pra o hotel, ali perto. No momento em que entro, começa a chover forte e fica assim a noite toda. Como a cidade é pequena, dá para visitar tudo em um dia. Contei com a sorte de a segunda amanhecer bem ensolarada.

O clima é totalmente medieval. Mas está tão preservada e bem cuidada que mais se assemelha a uma cidade cenográfica. É linda, a cidade.

Nos restaurantes, todos trabalham com roupas do século XIV (ou de qualquer outro século da Idade Média), as casas do centro são mais antigas que o Brasil, há placas para todos os lados, mapas e, o mais importante, um povo simpático, aberto e hospitaleiro.

Mais uma surpresa na viagem! E mais um lugar que sinto pena ser tão frio no resto do tempo.

Amanhã cedo pego um ônibus para Riga, capital da Letônia, onde devo passar somente uma noite e de lá ir para a Lituânia, último das 3 ex-repúblicas soviéticas.

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Dei uns tiros de arco e flecha aí!

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Igreja? Nada! Prefeitura de Tallinn!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Russia é um país que impressiona, em todos os sentidos. Em Moscou, tudo é grande, gigantesco, como que querendo impor sua importância e peso. Heranças comunistas.

E consegue meter medo, sim. É muito fácil se perder na imensidão moscovita, mesmo para um cara habituado com a grandeza de São Paulo e de rápida adaptação aos novos ambientes. Fiquei assustado, cheguei até a ficar com medo. Seus prédios absurdamente grandes, seu metrô cujas estações estão muito mais para galerias e museus subterrâneos (tamanha a quantidade de afrescos e obras de arte ali no meio do povão, todas feitas em mármore, um espetáculo a parte), o brilho do dourado usado abundantemente em fachadas.


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Acreditem, eu estava a mais de 1km desse prédio


Moscou não tem estrutura alguma para turismo, e não faz questão de ter. Todas as placas estão escritas em cirílico, o alfabeto deles, sem tradução alguma, seja para inglês ou para o alfabeto romano. Inglês, aliás, que ninguém fala. Nem no hotel! Somente duas pessoas falavam e, se elas não estivessem, a milenar arte da mímica tinha que dar um jeito. E precisei bastante dela por aqui.

Além do tamanho, o que impressiona em Moscou é a diferença, seja ela cultural, de beleza, de costumes, de feições, de valores. É uma cidade, de fato, diferente.


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As pessoas têm traços característicos, não há negros ou asiáticos, as meninas são lindas e as mulheres viram bagulhos que criam pontos de interrogação na nossa cabeça, “como uma menina tão linda virou essa coisa?”.

Uma música russa, para curtir, instrumental:


Também são muito fechados, de difícil sorriso, chegam a ser até deprimentes. Coisas do inverno extremamente rigoroso e duradouro? Repressão comunista? Não sei.

Fez muito calor nesses dias, sempre acima dos 32º mesmo à noite (que é bem curta, escurecendo às 23h e clareando às 3:30, com 2h a mais de fuso em relação ao resto da Europa). Com a umidade excessiva, ficou insuportável. Para piorar, o hotel não tinha sistema algum de ventilação. Era tomar banho e começar a suar em menos de 10 minutos. Sem exageros. Cheguei a cogitar dormir na banheira, porque na cama era praticamente impossível, ficava molhada de suor em pouquíssimo tempo, mesmo sem lençóis e dormindo somente de cueca. Em São Petersburgo não cometerei o mesmo erro e já reservei um quarto com ar condicionado.

Deve ter alguma lei por aqui que proíbe o uso de desodorantes. Ninguém usa. E com o calor que faz, fermenta, fica aquele odor absurdo, em qualquer lugar público que se vá. Isso estragava bastante os passeios pelo metrô, por exemplo.

Não passeei muito pela cidade. Estou arrependido por um lado, claro, mas por outro acho que assim foi melhor. Meu lado responsável falou mais alto, estou sozinho, se acontecesse alguma coisa, estaria ferrado. Ninguém fala inglês, ninguém me entenderia, poderia ser extorquido, enganado, até coisa pior, além de me perder com uma facilidade incrível na cidade e não achar o caminho de volta, ser assaltado por taxista (coisa comum aqui), enfim... Se tivesse alguém comigo teria aproveitado muito mais, aventurado, e poderia ter mais histórias para contar além das observações humanas que estou relatando por aqui. Justo a história soviética que tanto me interessa, uma pena.

Então me prendi ao fácil e óbvio: a Praça Vermelha e suas redondezas. O Kremlin é algo incrível, as igrejas ali ao lado, até o boneco de cera que dizem ser a múmia de Lênin (sim, eu sei que é ele mesmo, mas parece demais um boneco de cera).


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Saída da Praça Vermelha


Os prédios em volta remetem à época comunista, mas há muita coisa moderna também. Vários Ladas caindo aos pedaços sendo atropelados por incontáveis Mercedes 0km (compradas com o dinheiro das antigas empresas estatais que viraram privadas e que criou uma classe de bilionários). O trem em que estou viajando agora, por exemplo, é o mais moderno que já viajei, nem se compara com os outros. Em compensação, ao lado várias sucatas que andam nem sei como.

Embarquei para São Petersburgo depois de ter comido o pior sanduíche da minha vida, na estação de trem. Tenho mais 2 dias de Rússia, de encanto e medo pela frente. Aqui as coisas parecem ser um pouco mais fáceis, pelo menos o povo é bem mais amigável e a cidade aparenta ter bem mais estrutura e ser mais aberta. Assim espero.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

E a viagem segue firme e forte. Às vezes paro para pensar no tempo que já passou e me impressiono ao ver que já se aproxima de completar o primeiro mês, ou seja, praticamente metade dela já está feita. E parece que foi ontem que sai de Barcelona. O balanço até o presente momento, 12 de julho, contabiliza 9 países visitados, viagens de avião, trem, ônibus, passeios de carro, bicicleta, metrô, bonde e a pé, estadias em hotéis 2, 3 e 4 estrelas, lugares maravilhosos e uma única decepção, Hamburgo.

Gostei tanto de Munique que quis ficar um dia a mais por lá. Para não atrapalhar o resto do planejamento de papel de pão, poderia não ter ido a Dresden ou fazer o que fiz, tirar um dia da viagem a Hamburgo, já que 2 dias e meio não seriam necessários e não encavalaria com minha idéia de passar o fim de semana inteiro em Berlim.

Agora agradeço por ter feito isso. Mas para manter uma ordem, sigamos a cronologia dos fatos.

De Praga tomei o trem com rumo a Dresden, cidade totalmente destruída durante a segunda guerra mundial. E os alemães, primeiro os orientais, fizeram um trabalho impressionante nessa reconstrução. Ela mistura muita modernidade com as histórias do passado que não podem (nem devem) ser apagadas como por exemplo seus ainda numerosos Trabants, carro símbolo da Alemanha Oriental, fabricado até 1990 ali perto, em Zwickau.

De Dresden, cidade encantadora e que recomendo a visita, parti para Hamburgo. E, por conta do replanejamento, sabia que ficaria pouco mais de 24h por lá. Cheguei à estação de trem, atravessei a rua, andei 2 quadras e cheguei ao hotel. No caminho, fui reparando na quantidade de turcos e africanos que ali se concentrava, além dos ainda mais abundantes sex-shops, casas de strip e etc. Uma Red Light District (famosa área de Amsterdã). Deixei a mala e a mochila lá dentro e já parti para a rua. Não gostei muito da vizinhança mas, como era só um dia e o hotel até que era legalzinho, ignorei.

Peguei o metrô para ir até a rua mais famosa de lá, a Repperbahn, onde os Beatles se apresentavam antes da fama. Ao sair, o cenário era amedrontador. Eram muito mais sex-shops, todas coladas uma na outra, as vezes separadas por casas de strip, mas sempre protegidas por leões-de-chácara (leoesdechácara?) e com abundantes prostitutas, travestis, transformistas, Marylin Monroes e afins em suas portas, tentando conquistar clientes. Andei pela rua inteira, esperando ver algo diferente, e nada. Resolvi ir até o Elba, rio que corta a cidade. Lá deve ter alguma coisa legal. Não tinha. De um lado, prédios feios e detonados, do outro, o porto toma conta de 100% do espaço.

A cidade é mal cuidada, suja, baixa. Odiei. Voltei para o hotel já contando os minutos para ir a Berlim. Impressionante isso, jamais aconteceu antes, ter vontade de ir embora o quanto antes, mesmo estando a menos de 5 horas no local.

Definitivamente foi o ponto mais baixo da viagem e dificilmente será superado.

Já Berlim, que coisa maravilhosa. A maioria de vocês sabe o carinho que nutro por Londres, mas Berlim conseguiu superar e me conquistar. É uma capital em todos os sentidos, com sua cultura riquíssima, seu poderio financeiro e laboral, sua política, etc.

Não consigo descrever a sensação que me bateu ao cruzar um pedaço do muro pela primeira vez. Tive vontade de chorar, em parte por sentir o peso daquele local que foi destruído quando eu ainda era uma criança mas que tenho vivas memórias. Ficava imaginando as famílias que foram separadas, pais sem seus filhos, os absurdos de uma guerra silenciosa, a liberdade tão perto mas tão longe. Com um pedaço das minhas origens sendo alemã, senti vergonha.

Continuei seguindo o caminho do muro tentando absorver todo o valor e representatividade daquilo. Passo tempos refletindo, me deixando levar pelas emoções. O máximo que posso falar é “venham e sintam por conta própria”.


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Hospedei-me num hotel na parte oriental da cidade, a poucos minutos de caminhada da Alexanderplatz, o centro da antiga Berlim Oriental. Uma rápida passada por lá, seus parques e seus vendedores de Bratwurst. Peguei um, com bastante mostarda, fui a um quiosque com sombra (35º!!!!) e engatei uma cerveja de 750ml para acompanhar o pão com salsicha mais saboroso do mundo.


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Buscava um lugar para alugar um Trabant e fazer um passeio pelo lado oriental, com seus prédios padronizados, ruas largas e com tantas histórias que ansiava ouvir mas que jamais saberei. Consegui, para domingo (cheguei na sexta-feira). Um modelo militar, conversível (veio bem a calhar, a cada dia estava mais quente, beirando o insuportável).


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O simpático carrinho é divertidíssimo. Não é um carro de desempenho, é um carro para quem gosta de dirigir, para sentir o prazer do local e da direção, ainda mais com seu câmbio na coluna de direção, com a primeira empurrando até o fim e puxando para baixo. E, novamente, com todo um passado e uma representação.

Acabei fechando, junto de outro casal, com um guia para nos mostrar esse lado e contar mais ainda das histórias. Saiu caro, mas o valor disso é imensurável.

Indo para o lado menos intelectual, um amigo de Barcelona também estava em Berlim nesse fim de semana, junto com o irmão e mais 2 amigos visitantes do Brasil. Encontramo-nos para assistir os 2 restantes jogos da Copa do Mundo, um no sábado com a disputa do terceiro lugar entre Alemanha x Uruguai (para mim, essa tinha que ser a final, era o programado, por isso quis estar em Berlim nesse fim de semana) e, no dia seguinte, a finalíssima entre Holanda x Espanha.

Companhia agradabilíssima, muita risada, diversão, festa no meio dos vencedores alemães e espanhóis, cada um em seu dia (e eu torcendo para Uruguai e Holanda).

Agora há pouco cheguei a Moscou. Primeiro avião que pego desde Barcelona-Viena, com três russos MUITO CHATOS do outro lado do corredor. Ficaram enchendo o saco da aeromoça, também russa que até eu achei extremamente inconveniente. Pelo menos o vôo não foi tão longo, 2h30 (frente às 37h de trem cheio de paradas, não é nada), então fiquei livre desses caras. Falarei mais da Mãe Russia no próximo post.

Saio de Berlim com sensação de quero muito mais. Vários lugares para ver, cada um com uma história diferente e marcante. Berlim é encantadora, desafiadora, emocionante, intrigante. Uma cidade que te incentiva a ver, conhecer, ouvir e sentir. Sabendo um pouco de sua história, fica ainda mais fascinante.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Como nos posts anteriores eu escrevi demais (preciso aprender a controlar isso, lado ruim de sair escrevendo como um desembestado e não editar depois), no último fiz um teste e deixei somente áudio e fotos. Como não sei se ouviram os podcasts, talvez seja melhor escrever de novo.

Retomando do ponto em que terminou o último áudio, descobri o porquê dos fogos. Era feriado nos dois dias seguintes, e eles estavam celebrando. Soube também de uma maneira meio forçada, quando vi praticamente todas as lojas da cidade fechadas, exceto em um centro comercial enorme, na parte velha de Praga.

Aliás, essa parte antiga é bem interessante, com suas construções meio góticas, meio barrocas (não sei bem a diferença, só falei isso para parecer intelectual). Muitas igrejas, torres, pontes, etc. Como a maior parte dos lugares que estou visitando, possui um belo castelo, com a diferença que o de Praga é o maior complexo casteleiro do mundo, pelo que entendi. Uma síndrome de estadunidense, de ser o maior em alguma coisa, melhor em algo, nem que seja algo totalmente sem utilidade alguma como a mais larga cerca de fazenda do mundo. Acho sem necessidade isso, serve somente para criar motes e chamarizes. E os norteamericanos adoram isso.

Quando cheguei à República Checa estava um pouco receoso por alguns relatos que li de pessoas “extorquidas” por aqui de alguma forma, se aproveitam de um idioma desconhecido e totalmente diferente dos outros (exceto dos outros eslavos, eu acho) para tirarem vantagem das pessoas, principalmente policiais. Já parti da premissa que se o idioma do país tem acentos nas consoantes, não dá para confiar, afinal, que tipo de gente coloca acentos em consoantes, cacete? Boa gente não pode ser.

Quebrei a cara. Os checos são muito atenciosos, prestativos até em demasia. Um povo bem simpático (tirando a mulher que me vendeu a passagem agora a pouco, mas ela pode só estar tendo um péssimo dia, dou esse benefício da dúvida a ela), amável. E que adora uma cerveja, pivo no idioma deles, inclusive há um aqui no trem neste exato momento, 10 da manhã, tomando a sua de desjejum, com sua boca sem os 6 principais dentes da frente. Há tabernas por todos os lados, muitas nos caminhos das várias linhas de bonde que ainda servem a cidade, um charme à parte. Com esses bondes se chega a todos os lados e são bem baratos, menos de 1€ a viagem de até 90 minutos em qualquer meio de transporte disponível na cidade. E é uma espécie de auto-fiscalização, como na Áustria. Com a diferença que eles passam realmente verificando. Eu fui verificado (acho que nessas horas entraria um daqueles casos de “extorsão” que falaram), mas sem problemas por ter tudo em ordem.

Interessante como Praga é uma cidade muito turística e mesmo assim incrivelmente barata. Fiquei num hotel 4 estrelas pagando 25€ de diária, mais barata que a maioria dos hostéis da Europa Ocidental. Jantava comidas deliciosas, de gourmets, pagando 6€. Uma das noites jantei um tartar de salmão de entrada, pães, um penne al funghi secchi, uma garrafa d’água e vinho, pagando 12€ em tudo.

Mudei um pouco os planos e, pela primeira vez desde que saí, já tenho tudo acertado para mais de uma semana. De Praga vou a Dresden, na antiga Alemanha Oriental, cidade que foi destruída na segunda guerra. Passo uma noite por lá e vou a Hamburgo, ficando também uma noite apenas, para passar as próximas 3 em Berlim. Um amigo também estará por lá, embora em outro hotel. A companhia pode ser legal. De Berlim pego um avião e vou para Moscou, ficando 2 noites, para depois ir a São Petersburgo, ficar também 2 noites e seguir para Helsinki, que quero estar no dia 17 e poder encontrar meu primo que estará por lá numa viagem do clube dele, para jogar bola. Jogar bola, sei... Com 16 anos, longe de todo mundo, um bando de moleque, passando por Amsterdã, Barcelona, Helsinki e sei lá mais onde, a última coisa que eles terão condição de fazer é jogar futebol. E, a partir de Helsinki, é descer até chegar à Turquia, com um pouco mais de 1 mês até chegar de volta a Barcelona. Promete...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Imprevistos acontecem. A viagem está rolando sem praticamente nenhum planejamento, somente ideias e vontades, então, por isso, não estou conseguindo postar com a frequência desejada já que nos últimos lugares em que estive não encontrei uma Internet minimamente decente.

Muitos lugares passaram... Desde o último post, passei por Itália, Suíça, Liechtenstein, Alemanha e agora estou na República Checa. Voltarei para a Alemanha em 2 dias e, de lá, a viagem vai seguindo.

Esse post será mais direto, sendo basicamente fotos com suas legendas (Eslovenia e Croacia, que estava devendo, o resto vem depois) e áudios (todos que não foram publicados ainda, até Alemanha). Senão também não sobrarão histórias para contar quando chegar ao Brasil.

Hasta!

Bled - Eslovênia

Veneza - Itália

Cinque Terre - Itália

Bellinzona - Suíça

Munique - Alemanha

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Eslovênia

Ljubljana




O castelo que protege o centro da cidade, visto das ruas abaixo

A torcida para ver o jogo decisivo da Eslovênia na Copa, reunida no centro da cidade.


Uma das TVs alternativas ao telão

Povo com o olhar fixo no telão, comemorando até lateral a favor do simpático país

Film pod zvezdami?



A entrada do Castelo

A cidade vista de cima

E o castelo...


Quadros na beira do rio! Que nem no Tietê...

Brasil em todos os cantos! Impressionante!

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Jovens após o jogo

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BLED

Como havia prometido, as explicações de Bled tinham que ser por fotos. Para quem não se lembra, Bled é uma cidade no meio dos Alpes Julianos, com um lindo lago no meio, um cartão postal maravilhoso. Até agora, meu lugar preferido de toda a viagem. As fotos:

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O castelo em cima do lago

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Não gerou thumbnail não sei porque, mas existe foto e é bem bonita!

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A pequena ilha com a igreja, acessível somente pelas gôndolas ou barcos a remo ali disponíveis

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Adorei essa foto! O lago e o castelo

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Visto lá de cima do castelo

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Os Alpes nevados em pleno verão

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A partir desta foto é retratado um parque pertinho de Bled, um achado! São 1600m de trilha, com uma paisagem absurdamente encantadora. Aqui que foi gravado o áudio da Eslovênia, acessível pelo post mais antigo. Quero ressaltar que em NENHUMA das fotos houve qualquer tipo de efeito ou tratamento virtual, tudo é assim na realidade. Aliás, até mais belo, já que o fotógrafo é meia boca.

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=D






CROÁCIA

Zagreb

Saída da estação de trem...

... e dou de cara com um festival de folclore eslavo!





Quem está imitando quem?

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Tá olhando o quê?


Velhinhas se divertindo


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Foto bem na hora da coçadinha...



Eu falo que eles são chegados numa sacanagem...






Yugo, carro típico do leste, abandonado.









Quem está imitando quem? - parte 2



Sim, é uma Mercedes antiga com placas da California! Deveria ter virado à esquerda em Albuquerque, velhinho!