segunda-feira, 12 de julho de 2010

E a viagem segue firme e forte. Às vezes paro para pensar no tempo que já passou e me impressiono ao ver que já se aproxima de completar o primeiro mês, ou seja, praticamente metade dela já está feita. E parece que foi ontem que sai de Barcelona. O balanço até o presente momento, 12 de julho, contabiliza 9 países visitados, viagens de avião, trem, ônibus, passeios de carro, bicicleta, metrô, bonde e a pé, estadias em hotéis 2, 3 e 4 estrelas, lugares maravilhosos e uma única decepção, Hamburgo.

Gostei tanto de Munique que quis ficar um dia a mais por lá. Para não atrapalhar o resto do planejamento de papel de pão, poderia não ter ido a Dresden ou fazer o que fiz, tirar um dia da viagem a Hamburgo, já que 2 dias e meio não seriam necessários e não encavalaria com minha idéia de passar o fim de semana inteiro em Berlim.

Agora agradeço por ter feito isso. Mas para manter uma ordem, sigamos a cronologia dos fatos.

De Praga tomei o trem com rumo a Dresden, cidade totalmente destruída durante a segunda guerra mundial. E os alemães, primeiro os orientais, fizeram um trabalho impressionante nessa reconstrução. Ela mistura muita modernidade com as histórias do passado que não podem (nem devem) ser apagadas como por exemplo seus ainda numerosos Trabants, carro símbolo da Alemanha Oriental, fabricado até 1990 ali perto, em Zwickau.

De Dresden, cidade encantadora e que recomendo a visita, parti para Hamburgo. E, por conta do replanejamento, sabia que ficaria pouco mais de 24h por lá. Cheguei à estação de trem, atravessei a rua, andei 2 quadras e cheguei ao hotel. No caminho, fui reparando na quantidade de turcos e africanos que ali se concentrava, além dos ainda mais abundantes sex-shops, casas de strip e etc. Uma Red Light District (famosa área de Amsterdã). Deixei a mala e a mochila lá dentro e já parti para a rua. Não gostei muito da vizinhança mas, como era só um dia e o hotel até que era legalzinho, ignorei.

Peguei o metrô para ir até a rua mais famosa de lá, a Repperbahn, onde os Beatles se apresentavam antes da fama. Ao sair, o cenário era amedrontador. Eram muito mais sex-shops, todas coladas uma na outra, as vezes separadas por casas de strip, mas sempre protegidas por leões-de-chácara (leoesdechácara?) e com abundantes prostitutas, travestis, transformistas, Marylin Monroes e afins em suas portas, tentando conquistar clientes. Andei pela rua inteira, esperando ver algo diferente, e nada. Resolvi ir até o Elba, rio que corta a cidade. Lá deve ter alguma coisa legal. Não tinha. De um lado, prédios feios e detonados, do outro, o porto toma conta de 100% do espaço.

A cidade é mal cuidada, suja, baixa. Odiei. Voltei para o hotel já contando os minutos para ir a Berlim. Impressionante isso, jamais aconteceu antes, ter vontade de ir embora o quanto antes, mesmo estando a menos de 5 horas no local.

Definitivamente foi o ponto mais baixo da viagem e dificilmente será superado.

Já Berlim, que coisa maravilhosa. A maioria de vocês sabe o carinho que nutro por Londres, mas Berlim conseguiu superar e me conquistar. É uma capital em todos os sentidos, com sua cultura riquíssima, seu poderio financeiro e laboral, sua política, etc.

Não consigo descrever a sensação que me bateu ao cruzar um pedaço do muro pela primeira vez. Tive vontade de chorar, em parte por sentir o peso daquele local que foi destruído quando eu ainda era uma criança mas que tenho vivas memórias. Ficava imaginando as famílias que foram separadas, pais sem seus filhos, os absurdos de uma guerra silenciosa, a liberdade tão perto mas tão longe. Com um pedaço das minhas origens sendo alemã, senti vergonha.

Continuei seguindo o caminho do muro tentando absorver todo o valor e representatividade daquilo. Passo tempos refletindo, me deixando levar pelas emoções. O máximo que posso falar é “venham e sintam por conta própria”.


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Hospedei-me num hotel na parte oriental da cidade, a poucos minutos de caminhada da Alexanderplatz, o centro da antiga Berlim Oriental. Uma rápida passada por lá, seus parques e seus vendedores de Bratwurst. Peguei um, com bastante mostarda, fui a um quiosque com sombra (35º!!!!) e engatei uma cerveja de 750ml para acompanhar o pão com salsicha mais saboroso do mundo.


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Buscava um lugar para alugar um Trabant e fazer um passeio pelo lado oriental, com seus prédios padronizados, ruas largas e com tantas histórias que ansiava ouvir mas que jamais saberei. Consegui, para domingo (cheguei na sexta-feira). Um modelo militar, conversível (veio bem a calhar, a cada dia estava mais quente, beirando o insuportável).


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O simpático carrinho é divertidíssimo. Não é um carro de desempenho, é um carro para quem gosta de dirigir, para sentir o prazer do local e da direção, ainda mais com seu câmbio na coluna de direção, com a primeira empurrando até o fim e puxando para baixo. E, novamente, com todo um passado e uma representação.

Acabei fechando, junto de outro casal, com um guia para nos mostrar esse lado e contar mais ainda das histórias. Saiu caro, mas o valor disso é imensurável.

Indo para o lado menos intelectual, um amigo de Barcelona também estava em Berlim nesse fim de semana, junto com o irmão e mais 2 amigos visitantes do Brasil. Encontramo-nos para assistir os 2 restantes jogos da Copa do Mundo, um no sábado com a disputa do terceiro lugar entre Alemanha x Uruguai (para mim, essa tinha que ser a final, era o programado, por isso quis estar em Berlim nesse fim de semana) e, no dia seguinte, a finalíssima entre Holanda x Espanha.

Companhia agradabilíssima, muita risada, diversão, festa no meio dos vencedores alemães e espanhóis, cada um em seu dia (e eu torcendo para Uruguai e Holanda).

Agora há pouco cheguei a Moscou. Primeiro avião que pego desde Barcelona-Viena, com três russos MUITO CHATOS do outro lado do corredor. Ficaram enchendo o saco da aeromoça, também russa que até eu achei extremamente inconveniente. Pelo menos o vôo não foi tão longo, 2h30 (frente às 37h de trem cheio de paradas, não é nada), então fiquei livre desses caras. Falarei mais da Mãe Russia no próximo post.

Saio de Berlim com sensação de quero muito mais. Vários lugares para ver, cada um com uma história diferente e marcante. Berlim é encantadora, desafiadora, emocionante, intrigante. Uma cidade que te incentiva a ver, conhecer, ouvir e sentir. Sabendo um pouco de sua história, fica ainda mais fascinante.

2 comentários:

Felipe Américo disse...

Excelente texto, as always! Ta na hora de cortar esse cabelo, hein? Heheheheheh! absss

gladys disse...

Puxa que saudade! Que carrinho legal! Não corta o cabelo não! Acho que você nunca deixou o cabelo bem comprido. Deixa para cortar no Brasil. E venha de rabo de cavalo comprião!!! Beijo