quinta-feira, 10 de junho de 2010

Tudo bom?
Dessa vez foi bem mais rápido. Os trabalhos já foram finalizados, as aulas acabaram, o curso se foi. Bate uma tristeza tão grande pensar que essa experiência está acabando... Parece ontem que soube que viria, que passei por toda a burocracia, que criei esse espaço para me comunicar com vocês, enquanto dormia num sofá. Ao mesmo tempo que sinto uma falta absurda de família e amigos, não queria voltar. Não de forma definitiva, nem agora. Mas é a decisão mais sensata a ser tomada, então vamos lá.

Hoje o post será sobre a viagem a Paris, nos mesmos moldes de Londres, que pelo visto agradou, apesar do baixíssimo numero de comentários aí embaixo (galera, cliquem nos comentários, ajuda aí! =P).

Hoje estive preparando o roteiro da viagem de despedida, que passará por diversos países em 2 meses. De concreto, começa no dia 18/junho em Viena. Daí para frente, por enquanto é só vontade e um projeto de planejamento logístico.

Fico devendo o post de Roma (ainda) e o de Lisboa, que será até semana que vem (viajei nesse fim de semana e estou dando um tempo para todos lerem o de Paris).

O próximo post terá novidades interessantes e que serão recorrentes nas próximas semanas!
É isso. Beijão a todos e nos vemos em breve!


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Escrito originalmente em 06/05/2010


Hoje foi dose. Pela primeira vez na vida quase perdi um vôo (por culpa total minha, aquela conexão em Frankfurt não conta). O pior é que outro vôo só amanhã de manhã.

Acordei no meu horário rotineiro, enrolei para levantar como faço todo dia. Fui tomar café e repassei as atividades do dia, lembrando o horário calculado para sair com destino ao aeroporto.

Mandei uns emails, li notícias, li um trabalho feito ontem à noite para me certificar se realmente estava bom. Peguei as roupas no varal (viajar sem cuecas limpas não dá!), precisava delas para por na mala.

Já estava com as roupas na mão, "deixo em cima da cama e depois coloco na mala", pensei. Fui fazer a faxina da casa, essa era minha semana. Última vez que limpo esse apartamento antes de me mudar, confesso que não caprichei como costumo fazer. A cabeça estava na viagem. CACETE! Preciso imprimir a passagem e a reserva do hotel!

Depois de impressos, mandei também para meu email (aberto no celular, para garantir) esses mesmos dados, algumas dicas de Paris e um roteiro malemolentemente feito.

Fui tomar banho, me vesti e olhei o relógio. Está tarde para cozinhar. Sem problemas, como no Kebab aqui ao lado e vou para o aeroporto. Checklists feito e, surpresa:

A MALA ESTÁ VAZIA!

Esqueci de fazer a mala! Porra, como poderia ter feito isso? E como só percebi isso na hora de ir embora?

Faço correndo, afinal mala para 3 dias não tem como ser complicada. Camisetas, travesseiro de avião para meu pescoço fresco que não dorme em travesseiro alto, cuecas, meias, pijama. Pronto. Não! Casaco!

Agora sim. Não! Máquina fotográfica e carregador de bateria. Ir à Paris e não fotografar por esquecimento da máquina seria assinar o atestado de idiota do ano.

Agora sim. Não! Carregador do telefone. Agora sim!

Fazer mala na pressa é uma merda.

Pego passaporte, os impressos, a chave de casa e vambora comer que já estou atrasado. Peço um kebab extra apimentado. Por um breve momento sinto pena dos companheiros de viagem que estarão ao meu redor, mas me lembro da miojo, do narigas e dos bolludos. A pena foi embora rapidinho. Tomara que esse vôo seja menos chato. Pelo menos será mais curto e, consequentemente, rápido.

Acabo de comer e me incomodo com pedaços de frango que estão em meus dentes. Nesta, começo a pensar e vem a raiva: Porra, esqueci a escova de dentes!

Volto correndo para casa, abro a porta com pressa, largo a chave na mesinha, escovo, guardo e vou para o metrô. Chego na rodoviária, os 2 ônibus que estão para sair estão abarrotados. A empresa manda um terceiro, que vai cheio também.

Consigo entrar neste último. Meu vôo sai em 2 horas e tem pelo menos 1:15 de viagem até o aeroporto. Tomara que dê certo!

O ônibus nem parou e eu já levantei. Saio correndo, carimbo meu impresso e vou para o portão de embarque. O vôo fecha a entrada de passageiros em 15 minutos. Na hora de passar pelo raio-x, fila gigantesca. "Fodeu". Quer saber? Vou passar na frente de todo mundo. Se alguém me encher o saco, eu aponto para o relógio.

Preparei minha melhor cara de pau e fui decidido, passando por debaixo das fitas divisórias, já colocando minha mala na esteira junto do tênis e passo pelo raio-x, sem ninguém falar nada. Se falou, não ouvi. E que se dane também.

Fui para a fila de embarque. Entrei.

Hoje eram aeromoças até que bonitinhas. Nenhum nojinho, ótimo. Boa, França!

Pego uma poltrona de corredor na nona fila, ao lado de um casal de franceses na casa dos 50 altos. Escolhi bem, acho. Aparentemente são calmos, simpáticos e até que não fedem!

Faço meu ritual de checagem de equipamentos de segurança, aperto o cinto, conto quantas poltronas até a saída de emergência mais próxima. Nunca se sabe, não é?

Lá fora chove. Odeio vôo com chuva. Sempre tem turbulências.

O avião decola e, de forma surpreendente, suave e sem grandes chacoalhadas.

Na minha diagonal senta-se uma menina de língua inglesa que passa a maior parte do vôo escrevendo em um bloco de notas de capa rosa. Ela escreve com a mão esquerda e com seu bloco a 45º de inclinação, coisa comum em canhotos. Nunca entendi isso.

Peraí! Agora ela está escrevendo com a direita! Será que ela é ambidestra?

A caneta, uma idêntica a uma que tinha nos tempos de escola, começa a falhar. Fico olhando sua briga com a tinta. É uma merda quando uma caneta teima em não funcionar. Empaca pior que burro. Após 2 minutos de tentativas frustradas em fazê-la desempacar, ofereço-lhe a minha.

Ela agradece com um largo sorriso e anota mais algumas coisas. Depois devolve, novamente com um sorriso.

Além de estarmos escrevendo, ambos estavam com seus iPods em cima da mesinha e constantemente mudando de música. Acho que ela é uma versão alternativa minha. Coitada.

O legal dos vôos com chuva é que quando passamos da densa camada de nuvens, o sol aparece. E aquele mundo branco abaixo de nós. Sensacional.

Neste exato momento o capitão do avião começa a falar, avisando que já estamos sobrevoando Paris e que em poucos minutos estaremos aterrisando, com 20 minutos de adiantamento. Excelente.

Esse foi mais um vôo que passo o tempo todo escrevendo (exceto o breve período de empréstimo da caneta), assim como a menina lá, que conseguiu fazer a caneta funcionar sei lá como. É uma boa tera`pia e agora sei que não estou sozinho no mundo nessa mania. Tranquilizante, eu diria. Ou somos 2 loucos.

Ao mesmo tempo que o avião desce, o tempo abaixo melhora e as nuvens desaparecem, com o horizonte avermelhado. Coisa linda!

Pena que não consigo bater fotos (ironia do destino: enquanto escrevo essa linha meu iPod começa a tocar "Isn´t it a pity?").

O casal que está ao meu lado começa a se preparar no momento que sobrevoamos um rio que eu presumo ser o Sena. Até em um avião low-cost as francesas são elegantes, cacete. Eles são frescos e fedidos, mas há muito a se aprender com esse povo.

A aterrisagem correu sem grandes problemas enquanto escurecia. Detalhe: são 21:30!

Desembarquei, liguei de novo o iPod atrás de uma música francesa. Lembro que falei no vôo a Londres que deveria carregá-lo com mais músicas para se cantar fazendo biquinho. Óbvio que não o fiz, então continuo com a mesma, Un jour en France, que serão trois jours.


Noir Désir - Un jour en France


Compro meu bilhete de ônibus até o centro da cidade, passo por uma lojinha e compro um guia bem completo, coisa que não tinha. Compro também uma Perrier, só para esnobar. É besteira, mas fazer umas besteiras de vez em quando ajuda a manter a diversão da vida.

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Perrier, guia, bloco de notas


Sento-me e espero minha companheira de viagem. O vôo dela atrasou 10 minutos, chegando cerca de 40 minutos depois do meu. Saudades dela, alguém para dividir histórias, conhecer lugares e passar por aventuras. E ninguém melhor que ela, que tanto passou comigo nos últimos anos.

O aeroporto que desço é minúsculo, em Beauvais, cidade que dista 100kms de Paris. Possui somente 2 salas de embarque e um corredor de não mais que 100 metros. Não há o que ver aqui, então termino minha Perrier e me posto em frente ao portão de desembarque, olhando a tela e tentando ver lá dentro. A ansiedade cresce. Ela chegou, avisa o telão. A expectativa, a demora, o reencontro, o abraço, a saudade, as histórias e o aconchego.

Pegamos o ônibus, acho que era o último, torcendo para chegar a tempo de pegar o metrô aberto. Pelas coordenadas do hotel, não era muito longe do ponto do ônibus, mas seria ruim de ir caminhando.

Conseguimos chegar a tempo e descemos 20 minutos depois em Saint-Lazare, estação do hotel. Subimos, deixamos as malas no hotel e começamos a busca por alguma comida em Paris. A 1:30 da manhã.

Achamos uma lanchonete fast food mesmo, bem mequetrefe. Comemos, voltamos pro hotel e capotamos. O dia seguinte seria longo.

Já tinha estado aqui antes, em 2002, por 2 dias, pouco tempo para conhecer, já que Paris é enorme e díspare, mistura clássico com moderno, largado com glamour, mulheres lindas com viados. Como também não teríamos muito tempo (3 dias, sendo 1 em Versalhes), buscamos fazer o obrigatório: Montmartre, Moulin Rouge, Sena, Notre Dame, Louvre, La Defense, Centre Pompidou, Concorde, Champs-Elysée e, é claro, Eiffel. Para essa última, deixamos para ir ao anoitecer, repetindo minha experiência anterior e que sempre recomendo a quem vá a essa cidade. Pegar o fim de tarde lá em cima e depois a Paris noturna. Maravilhoso!

Mas estava um frio do cão. Saí de Barcelona com 23º para pegar uma Paris com 8º, com um tempo bem bunda, sem sol. E levei 2 moletons só, sendo um deles bem fino. Paciência, sobrevivi, entre uns 20 dentes trincados.

Mas valeu muito a pena. Foram dias muito especiais. Como há várias fotos, sugiro acessarem a galeria que criei, com todas as miniaturas, Clicando aqui. Abaixo, algumas fotos que lá estão.






Torre Eiffel, Arco do Triunfo, Champs Elysée e Place de la Concorde








Rio Sena, eu e a Catedral de Notre Dame ao fundo


O corcunda de Notre Dame


Rio Sena




Minha companheira de aventuras

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Semana que vem volto, com Lisboa e novidades.

2 comentários:

Eduardo disse...

Destaque pra escultura do Tho em Paris, fazendo "joinha" e beicinho francês. 2 hit Combo.

gladys disse...

Você vai voltar com bastante experiência na bagagem, inclusive preparar a mala com antecedência!!!! E também com um novo hobby - fotografia... Muito Legal!