quarta-feira, 16 de junho de 2010

Pois é, amigos, familiares, conhecidos e estranhos. Está acabando. Oficialmente, hoje é meu penúltimo dia de Barcelona. Um lugar pelo qual me encantei de tal forma que é extremamente difícil dizer adeus, mesmo com toda a saudade que estou de todos vocês. Quem sabe um dia não volto, com algo mais concreto? Se eu pudesse trazer todos para cá, seria perfeito. Infelizmente, não posso.

Estou aproveitando esse restinho de estadia na Europa para poder viajar o máximo que posso, como podem ter visto nas últimas atualizações. Hoje o post será sobre a viagem a Portugal, sendo complementado amanhã pelo meu último fim de semana, que foi Dublin-Belfast. Nesta sexta-feira, 18, começo minha viagem de despedida, na qual espero passar por diversos países, muitos deles exóticos para nossa cultura. Hora de enriquecer a cabeça!

Não sei como será meu acesso à Internet por essas bandas todas, mas tentarei ir postando in loco. E com as novidades que serão implementadas por esse post.

Comprei um aplicativo para celular em que posso gravar mensagens em audio, tirar fotos, filmar um vídeo, escrever e mostrar as coordenadas da gravação, tudo em um pacote só. Testei na viagem de Lisboa, com áudio e foto. Não consegui salvar tudo em um pacote só, mas já dá para quebrar um galho. Provavelmente os próximos posts serão uma espécie de podcast, ou seja, posts em áudio, que serão complementados por videos e fotos, alguns textos talvez. Como é mais dinâmico, é provável que esse seja o modelo adotado para poder atualizar mais vezes e em menos tempo.

As fotos serão colocadas no meio do post e em uma galeria que poderá ser acessada por um link em algum lugar do texto.

Se gostarem, escrevam aí embaixo nos comentários. Aliás, podem comentar sempre, sobre qualquer coisa. A caixa de comentários anda muito solitária e abandonada. Praticamente só minha mãe comenta (Oi, mãe! Beijo!). Bora então para o post e espero os comentários!



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escrito originalmente em 28/05/2010

Eu gosto de aeroportos. Neles se pode ver pessoas completamente opostas, com vidas totalmente diferentes. O casal saindo em lua de mel, o cara que terminou recentemente um casamento, um bebê, idosos prestes a morrer, alemães negros, africanos branquelos, muçulmanos, judeus, o craque do futebol, o mestre em finanças, o desempregado, as aeromoças bonitinhas.

Em um aeroporto tão diverso como o Prat, aqui em Barcelona, se vê muito mais e em uma rápida passagem.

Enquanto espero para embarcar em meu vôo com destino ao Portela, aeroporto internacional de Lisboa, totalmente desprovido de maletas de mão, bolsas, sacos e mochilas (vôo por companhia aérea normal, então pude despachar as coisas), fiquei observando o público como meio de distração nesse aeroporto que já conheço tão bem quanto, talvez até melhor, que o de minha cidade natal (embora Cumbica não fique na paulicéia).

Meu bloco de notas foi despachado com a mala por total cabacice minha, então dessa vez estou experimentando escrever no bloco de notas do iPhone. Interessante, mas acho que não é a mesma coisa. A caneta e o papel fazem diferença. Pode ser que eu me acostume, mas acho que passarei esse texto para lá.

Esses dias baixei um aplicativo interessante em que se pode gravar uma mensagem de voz e juntar com um texto e uma foto, enquanto ele automaticamente pega as coordenadas do local e depois descarregar no computador, enviar por email e mais algumas coisas que eu ainda não fucei. Certamente será muito útil na viagem que farei dentro de algumas semanas. Acho que vou testar agora nessa, se lembrar. Eventualmente começo a criar uns textos falados. É a tecnologia chegando, amigo!

O ruim de ficar escrevendo por aqui é que a bateria vai rapidinho pro saco.

Como disse ali em cima, estou indo a Portugal, onde espero passar por Lisboa, Cascais e Sintra, tudo em 3 dias, sendo pelo menos metade de um já comprometido com o Rock in Rio (Tejo, pá!). Tomara que consiga.

Na porta de embarque não há lugares vagos para sentar, então eu me dirijo à entrada da plataforma e inicio uma fila informal para o embarque que está para começar (exatamente neste momento, como estou escrevendo com um pequeno delay de 5 minutos, os passageiros são chamados e eu sigo escrevendo enquanto vou andando, benefícios de estar no celular, a letra não muda). Fico observando as pessoas e me pego em um momento de pré-juízo, mas que não deixa de ser curioso: fico procurando bigodes nas mulheres, tal qual as piadas de lusitanos. Até agora, nenhuma, embora praticamente todos nesta espera sejam homens e provavelmente catalães.

Entro no avião, 7C, corredor, me alojo facilmente já que não carrego nada além da expectativa e esse bloco de notas tecnológico, faço minhas checagens de praxe e espero pela decolagem.

Só vi um comissário de bordo. Português, sem bigode. Será que inventaram um bigode nos portugueses antes e acreditamos? Cadê aqueles clássicos e caricatos Manoel, Joaquim, Nuno, Manoel Joaquim e Joaquim Nuno Manoel?

Ao meu lado senta-se um casal que lê um impresso sobre "El encanto de la Saudade". Não identifiquei se é um poema, um elogio a nosso belo idioma, uma filosofia ou simplesmente o nome de um lugar que eu desconheço. Não quis ficar olhando muito, acho extremamente desagradável esses bisbilhoteiros de revistas alheias.

Pego um periódico esportivo português para ler. Tenho que desligar o telefone, como em todos os vôos. Bloco de notas real 2x2 tecnológico.

O avião decola sem problemas, vôo curto e previsto para chegar 20 minutos antes da hora. Legal, aqui na Europa todos os vôos fazem previsões pessimistas e quase sempre chegam antes. Acho que é truque de Marketing, os clientes ficam satisfeitos pensando "Puxa, que legal, continuarei voando com a XXXXX porque ela sempre chega antes da hora".

Esse avião é dos normais, com poltrona que reclina, classe executiva e monitores informativos. E tem lanche, um sanduíche de lombo com alface e mostarda. Gostei, ainda mais por estar acompanhado de um suco de maçã, dos meus preferidos.

Dessa vez o vulcão não encheu o saco. Parece que a TPM dele já passou.

Além daquele comissário, o vôo tem 3 aeromoças, portuguesas. 2 delas são razoavelmente bonitinhas. Nenhuma com bigode.

Aterrisei, peguei minha mala e fui encontrar com o Pedro, companheiro dessa viagem, amigo que mora em Turim. Pegamos um ônibus desses de linha e fomos direto para o centro da cidade. "A gente mata um tempo por lá e a noite vamos para a casa do Ricardo (o anfitrião)".

Descemos à beira do Rio Tejo, em frente ao Cais do Sodré, um dos pontos-referência da cidade. Olhamos, tiramos algumas fotos por lá, olhamos e gatunamos um daqueles mapas de ônibus de turismo e saímos andando junto ao rio até chegar à Praça do Comércio. Era pouco mais de 13h, estávamos com fome e decidimos ir almoçar. A história desse almoço está neste áudio abaixo, basta clicar no Play. Recomendo ouvir na ordem, ou seja, agora, para depois ler o resto.


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Pedimos 2 porções de bacalhau, uma salada e um arroz com frutos do mar. Perguntaram se queriam tudo separado, dissemos que não, iríamos dividir.

Parece piada, mas não é: trouxeram tudo junto e um só prato. "Mas não iriam dividir, pá? É tudo junto ou separado, raios?"

Me segurei demais para não explodir em risos ali. Assim que ele virou, caímos na gargalhada e assim ficamos por alguns bons minutos. E toda vez que lembramos dessa história, voltam as gargalhadas. Além, é claro, das inúmeras situações que histórias semelhantes aconteceram no decorrer da viagem e que nos remetia à pioneira.
Agora a parte interessante: O número estava certo mas o restaurante era o do lado! Eles são todos bem juntos e eu achei mais prudente ir pelo número. Mas, na hora de ir embora, li o nome do restaurante vizinho e era aquele, não o que comi! Que manezada! Desculpa, seu Arnaldo, não comi na tua sugestão. Mas esse também estava bom, pelo menos.

Com o calor de 30º, pança cheia de bacalhau no azeite, arroz com lula e camarão, cerveja e uma mala relativamente pesada nas mãos, o que qualquer ser humano iria querer fazer? Andar pela cidade, é claro!

E lá foram os nossos intrépidos heróis canarinhos caminhando pela cidade, morro acima, puxando mala, suando bacalhau e arrotando cerveja. Ruas estreitas, mal passavam carros (fotos na galeria que pode ser acessada por aqui). Subimos até o Castelo de São Jorge, local de vista privilegiada da cidade. No caminho paramos para pedir uma informação e um senhor nos aponta para o fim da rua, dizendo:"Estão a ver aquela esquina? Não é aquela, é outra! Uma mais lá pra cima. Nela virem e verão o castelo". E começamos a rir novamente.



E continuamos a nossa saga, andando pelo centro da cidade, Lisboa Baixa e alguns outros lugares cujo nome já esqueci. À noite, nos encontramos com meu amigo Ricardo, que havia acabado de chegar de Madrid e fomos à sua casa, nosso refúgio pelas 3 noites vindouras.

Ficamos dando risada e batendo papo até o começo da madrugada, até que fomos dormir. O dia seguinte seria puxado.

Planejamos ir a Cascais e Sintra neste sábado. São 2 cidades próximas, viagem de trem urbano até Cascais e de lá ir de ônibus para Sintra, 40 minutos no primeiro deslocamento, 1h30 no segundo, aproximadamente.

Chegamos e logo de cara me apaixonei por Cascais. Me lembrou bastante Ilhabela, no litoral paulista. Pequena, típica cidade praiana. Deu vontade de largar tudo que tenho, comprar biquínis e havaianas no Brasil por 25 reais e vender aqui por 35€ cada. Viveria feliz.





Pena que o tempo não estava aberto como no dia anterior. Almoçamos lá mesmo por Cascais e pegamos o ônibus para Sintra na rodoviária da vila. A estrada era bem apertada, o motorista vivia acertando guias pelo caminho. Mas a paisagem era impressionante. Eu me sentia hipnotizado, de uma forma que não consigo expressar. Em muitos trechos me lembrava o Brasil, as casinhas na beira da estrada, as pessoas olhando, a vida pacata, um encanto único.


Estrada apertada, vista da janela do ônibus





Um dos vilarejos pelo qual passamos



Foto para propaganda. Volkswagen, aguardo o depósito em minha conta.



Um instantâneo de muita sorte, tirado com o ônibus em movimento, mostrando a vida de duas senhoras portuguesas, sem bigode, em uma vila de menos de 100 habitantes. Uma das minhas fotos preferidas em toda minha vida.


Chegamos a Sintra já à tarde. Compramos as passagens do ônibus que nos levaria até o Castelo dos Mouros e saímos logo em seguida para lá. É muito alto, um vento absurdamente forte, realmente te deixa com dificuldade de andar. Mas a vista de lá é impressionante.



Voltamos para casa, recebidos com mais um belo bacalhau e uma deliciosa garrafa de vinho, dessa vez feito pela Ester, mulher do Ricardo. A casa tinha uma nova habitante, a Alice, gata da irmã do Ricardo. Alice passaria alguns dias por lá, enquanto sua dona estava viajando. E já chegou tacando o terror, destruindo vasos, derrubando móveis, enfim...

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Alice se preparando para um salto


Domingo de manhã fomos para a torre de Belém. Estava novamente muito quente, o que nos deixou bem preocupados, já que à tarde iríamos ao show, a céu aberto. Muito calor, vamos tomar um sorvete! Mas confesso que achei ótimo, sentia falta desse bafo.

De lá, saímos andando para comer uns pasteizinhos na sombra de alguma árvore ali por perto.

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Pastel de Belém, comprando em... Belém!


Comemos, deixamos as coisas em casa e fomos ao Rock in Rio (Tejo, pá!). Estava cheio mas conseguimos pegar grade logo de cara. Assistimos aos 4 shows na cara do palco. Foi fantástico, indescritível. E como estava sendo televisionado, aparecemos diversas vezes por aí. Só procurar no youtube que acha.

Voltamos para casa para tentar dormir 1h, antes de levantar para voltarmos à vida real.

A viagem foi excelente, me diverti demais e me encantei com um lugar que eu não esperava muito, confesso. Apaixonado e com vontade de mais. Certamente voltarei para lá com mais calma. E quem sabe com alguns biquínis e havaianas...

3 comentários:

Leandro Gonçalves disse...

OOOOOOO!!! O THOMÁS VOLTOOOOOOU!!! O THOMÁS VOLTOOOOOOOU!!!! O THOMÁS VOLTOOOOOOU!!!! OOOOOOOOO!!!

ana disse...

Vou mostrar esse post pra minha mãe... aí ela fica com mais vontade de conhecer Portugal e fica com invejinha de você... (brincadeirinha)
bjo!

Rafael disse...

Essa viagem de Portugal foi a que gostei mais do texto. Deu vontade de estar lá.
Tomando cerveja, esperando bacalhau...juro que me deu agua na boca quando ouvi essa parte do audio, haha.