quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Terceiro dia, este post será longo, já aviso.
Antes de tudo, gostaría de deixar claro que os posts não serão diários, mas agora no começo tem muita coisa pra falar, desabafar e descobrir. A possibilidade de eles terem sua frequência diminuída no futuro é relativamente grande.

Hoje levantei pela manhã já incentivado com a matrícula do Máster para fazer. Mas o sono me impedia, visto que demorei pra caramba para dormir essa noite. Enfim, criei coragem depois de 20 minutos deitado na cama olhando para o teto.

Todos esses dias (os 2 sem contar hoje hehe) eu tenho saído às ruas somente vestindo uma camiseta de manga curta. Hoje, porém, o frio veio um pouco mais forte e achei mais prudente vestir também um moletom. Enfiei os papéis na mala, vi o endereço pelo mapa e decidi tentar ir de ônibus, apesar de ter metrô na esquina do destino e daqui de casa. Pelo ônibus poderia conhecer melhor a cidade, ver coisas que em breve deixarão de ser novidades mas que por enquanto ainda é território a ser explorado e mapeado.

Impressionante! A cidade é realmente muito linda!

Não levei a câmera hoje, não tinha intenção de me alongar no passeio, coisa que me arrependi amargamente depois. Porém, farei o mesmo trajeto novamente no futuro e aí sim saio fotografando tudo.

Os ônibus aqui não possuem catraca, ficando o motorista responsável pela cobrança de quem não possui o passe, que é integrado entre trem, ônibus, metrô, bonde e tram. Validei meu passe e escolhi uma poltrona na janela, para ir acompanhando a paisagem, os prédios e a população.

O destino era numa das principais avenidas daqui de BCN, a Diagonal, que corta a cidade. E eu iria para a Zona Universitaria, que é um dos extremos dela, o oposto de onde estou, perto do Camp Nou, estádio do Barcelona. Essa avenida é muito larga, com areas de caminhada e bicicletas enorme, possui muitas lojas de luxo, me lembrando brevemente a Champs-Élysées de Paris (curiosamente pertinho da Diagonal também há um Arco do Triunfo). Nessa avenida era comum ver Ferrari, Aston Martin, Porsche. Mercedes e BMW eu nem comento porque há um monte por aqui. Carro de luxo no Brasil como esses, Passat, etc, são Taxi nessas bandas.

Meu destino era no número 684. Porém, diferentemente do Brasil, a numerãção aqui é baseada na quantidade de prédios e não pela distância. Quando consegui enxergar o 658, resolvi descer, por segurança. Até chegar ao meu número, passei por mais 4 pontos de ônibus e caminhei uns bons 15 minutos!

Depois de feita a primeira parte da matrícula (o resto só daqui alguns dias), decidi conhecer mais o centro da cidade, a parte mais turística. Peguei então o ônibus que iria até a Praça Catalunha e de lá sairía caminhando. No caminho, vi algo que imaginava haver somente no Brasil: pessoas no semáforo limpando o vidro dos carros com aqueles rodinhos e água na garrafa.

Atravessei a bela praça e suas fontes e rumei sentido sul, para a famosíssima La Rambla. Este local é um capítulo à parte.

Tirei meus fones de ouvido nos primeiros metros para poder ouvir e tentar identificar os idiomas que passavam por ali. Compreendi Italiano, Alemão, Francês, Português (brasileiro e lusitano), os óbvios espanhol e catalão, inglês (americano e britânico), e os prováveis russo, finlandês, japonês, chinês, meu parco islandês, algum(ns) idioma(s) árabe(s)... Enfim, um Atlas ambulante.

Neste local está presente todo tipo de infra-estrutura para turistas e seus truques para pegá-los. MUITA muamba (até cueca com I love BCN), lojinha de souvenir com coisas falsificadas, aquele mundo de Homens-Estátua como os do centro de SP, um mais criativo que o outro, alguns usando até aquele apito irritante que emula uma voz aguda como se o rapaz tivesse inalado gás hélio.

Há uma série de excentricidades no local. Uma delas era um cara com o corpo pintado de negro, roupa do Barcelona, uma bola e uma prótese dentária cavalar: era o "Ronaldinho de la Rambla", erroneamente anunciado como Ronaldo del Madrid por uma senhora transeunte após expressão de espanto. O cara ficava lá fazendo embaixadinhas e micagens em geral, coisa comum nas Ramblas.

Lembram-se que comentei do cheiro da cidade em outro post? Ele realmente existe e está por todo lado! Até neste local lotado de gente era facilmente perceptível.

Entrei no Mercat de Sant Josep, um mercadão municipal estilo o de São Paulo, com o odor do mercado de peixes de Santos. Uma infinidade de alimentos e afins eram oferecidos ali, a preços nem sempre tão módicos.

Continuando meu passeio para o sul, encontrei um Serguei-cover (será que existem 2 no mundo?) e um restaurante pequeno, com umas 3 mesas, chamado Brasil. Como já era hora do almoço, fui checar o cardápio. De brasileiro, só o nome. Nenhuma comida típica daí ou mesmo caipirinha eram vendidos. Além de tudo, era bem caro. Adiós!

Interessante também notar como aqui as pessoas alternam do catalão para o castelhano sem problema nenhum, inclusive em uma únca frase pode ter os 2 idiomas, e na maior naturalidade.

Nos locais oficiais, há primeiro a bandeira da Catalunha, depois a da UE e só depois a da Espanha.

A melhor coisa que poderia ter feito hoje (além de ter levado a câmera) foi ter levado meu bloco de notas, para ir anotando todas essas coisas.

E a invasão chinesa aqui é impressionante também. Há vários bazares deles pela cidade, e nas Ramblas não era diferente.

Parei em frente ao que poderia ser meu apartamento hoje. Agradeci ao destino por ter me impedido. O local é muito zoneado, vizinho de um peep show, não quero nem imaginar como é a noite por ali.

Andando mais um pouquinho, vejo o famoso Monument a Colom, uma enorme coluna de ferro fundido com uma estátua de Colombo no alto, apontando para o mar, à sua frente.

O mar! Ah, o mar! Para mim, sem saber o real motivo, o momento mais emocionante da viagem foi chegar e avistá-lo. Aquele barulho hipnotizador das ondas batendo no cais somados ao canto das gaivotas. Me deitei em uma mureta e fiquei só curtindo esse momento por uns 20 minutos. Que coisa incrível aquela imensidáo à frente, os iates, os barcos de turismo, a visão de Barceloneta e seus prédios antigos ao lado, o rapa da polícia... Peraí! Rapa?

Pois é. Lembra dos muambeiros. Há aqui no Port Vell (Porto Velho) também. E aqui a polícia também proíbe e corre atrás dos caras. Eu vi um rapa na Europa! Rá!

Continuei caminhando ao longo do mar e seus deliciosos restaurantes a céu aberto, quando me deparo com um corinthiano. Xingo feito de meu lado, xingo respondido pelo outro, seguimos a vida.

Um homem com uma camisa da Roma me pediu para fotografá-lo, falando em italiano. Mas ele obviamente não era de lá, pela sua aparência e pelo seu sotaque. Puxei papo, era egípcio. Ficamos conversando e trocando informações de viagens por uns 10 minutos, quando cada um tomou seu rumo para nunca mais nos encontrarmos fisicamente, mas que seguramente lembraremos quando chegarmos aos locais indicados. Um pouco mais a frente encontro os muambeiros do rapa lá de trás.

Parei para tomar um sorvete mas desisti depois que vi o preço. A essa altura, depois de mais de 2h30 de caminhada, já havia retirado o moletom que trazia vestido.

Andei mais uns 5 minutos e vi novamente os caras do rapa lá na frente. Mas como esses caras passaram por mim correndo e eu não vi em uma avenida reta? Um dos mistérios da vida.

Continuei caminhando pela região, já passando pelo 3° bairro do dia, o Gótico, com suas ruas extremamente apertadas, sinuosas, medievais, com gárgulas nas casas para espantar tudo. Me perdi naquele labirinto algumas vezes, mas também achei locais fantásticos que voltarei em breve, perfeitos para tomar um vinho no meio da rua e se sentir no interior da Europa.

Cheguei ao Arco do Triunfo e seu belo parque em frente (Parc de la Ciutadella) mas sem coragem de enfrentar hoje mais esse desafio, depois de mais de 4h caminhando. Meus pés estavam me matando e pedindo arrego.

Entrei no metrô e vim para casa almoçar. No caminho, numa saída de escola, havia um moleque catalão de uns 12 anos com uma camisa do VASCO!

Hoje tem jogo da Argentina e estou pensando em assistir no restaurante porteño que há aqui ao lado, com a camisa do Brasil, mas acho que a Espanha já tem conflitos demais, não vamos criar outro.

Até breve!

PS: Comprei um celular daqui hoje. Quem quiser o número, me peça pelo MSN ou Skype ou ainda pelo email.

5 comentários:

pessoa disse...

e o messi no juventus, nada?
te aviso do jogo no sábado.
pega meu skype - kelpie19

abraço

Vina disse...

Bah, que beleza ehin?

É sempre bom conhecer lugares diferentes, se eu aqui em Porto Alegre já estranho algumas coisas, imagina tu aí, em outro hemisfério, do outro lado do atlantico (apesar de tu já conhecer uma parte aí tbm!! =P)

Falou, meu, abraço, e boa sorte aí nas zoropas!

gladys disse...

Tô gostando... Uma coisa só me intriga - o cheiro da cidade. Qual é?

Felipe disse...

ÉÉÉÉÉÉÉ, amigo!!! Em Sevilla e em Madrid também vi esses limpadores de vidros e outros pseudo-vendedores! Riquíssima em detalhes a sua narrativa, me senti como se fosse eu mesmo vivendo tudo isso que vc contou! Continue assim, ainda que com menor frequencia! Te adicionei no Skype, mas acredito que nossos horarios dificilmente vao bater. Lembre-se que a partir de domingo estaremos em horario de verao no Brasil! Abracaooo

Zago disse...

Rapa, limpeza de vidros no farol, muleque com a camisa do Vasco e mar?????? Seu avião desceu no Galeão e vc não percebeu...